As manifestações causaram muito transtorno e mostram que cada um é apenas uma peça de uma grande engrenagem
O forte movimento dos caminhoneiros, pedindo para reduzir os impostos, a fim de baixar o preço do diesel e gasolina, na última semana, nos deixa algumas reflexões importantes. A primeira delas é que o Brasil é um país caro, muito caro. Europeus e americanos, mesmo os não turistas, ficam assustados com nossos preços. O tal índice Big Mac, que compara o preço do mesmo sanduíche em vários países, está aí pra comprovar a afirmação.
Feito pela revista britânica The Economist, o ranking mostra que o Brasil tem o quinto Big Mac mais caro do mundo, atrás somente de países desenvolvidos como Suécia, Suíça, Noruega e os Estados Unidos.
O alto custo dos combustíveis, em parte por causa da herança de depredação e sucateamento recentes da Petrobrás, impacta em todos os demais preços, já que o transporte é um dos itens que compõem todas as planilhas de custos.
A segunda reflexão é quanto à mudança de postura da população. A sociedade está fazendo pressão quando se sente prejudicada. Um povo tradicionalmente pacato e alheio ao debate político, o brasileiro aprendeu a reclamar em conjunto e quer fazer valer a força do grupo, especialmente quando esse grupo representa a maioria.
Em outros tempos, estaríamos todos debatendo sobre as chances da seleção brasileira na Copa da Rússia e polemizando sobre a importância do Neymar no time do Tite. Hoje, as notícias da Seleção ocupam papel secundário nos telejornais. Agora, queremos saber quem serão os candidatos à presidência da República e, mais do que isso, quais são suas propostas e os prováveis aliados, além do nome do futuro Ministro da Fazenda, é claro.
Por fim , uma última reflexão, não menos importante: as manifestações causaram muito transtorno, além de grandes prejuízos, e mostram que cada um é apenas uma peça de uma grande engrenagem.