TATIANA RESENDE
DE SÃO PAULO
Atualizado às 18h18.
Cerca de 9,9 milhões de famílias brasileiras pretendem comprar um imóvel ou terreno nos próximos 12 meses, dos quais 47% pertencem à classe média, com renda familiar mensal entre três e dez salários mínimos. É o que aponta um estudo do Data Popular apresentado nesta terça-feira no seminário “Tendências do Mercado Imobiliário”, realizado pelo Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo.
A intenção de comprar um imóvel era declarada por 1,5 milhão de famílias da classe média no primeiro trimestre de 2009, número que passou para 4,7 milhões no mesmo período neste ano, triplicando o potencial de consumo nesse nicho.
Falta de terreno leva Minha Casa, Minha Vida para o interior
Essa quantidade já é superior ao total de famílias que mostravam essa intenção no início de 2009 (4,4 milhões), considerando todas as classes sociais.
O levantamento do Data Popular foi feito com cerca de 5.000 entrevistados em 140 municípios no país.
O principal impulso para esse salto, de acordo com Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, é o programa federal Minha Casa, Minha Vida, lançado em março de 2009 para a aquisição de moradias de até R$ 170 mil.
RECEIO
A pesquisa aponta também que o principal receio para os consumidores das classes C, D e E ao comprar um imóvel é não conseguir terminar de pagar o financiamento. Já para a população de alta renda, a preocupação mais citada é a de não receber a moradia.
Para Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP, esses novos consumidores em potencial precisam de uma consultoria financeira para comprar apenas o que podem pagar e “não transformar o sonho da casa própria em pesadelo”.
Para ele, essa orientação é uma obrigação de toda a cadeia do setor imobiliário –começando pelo corretor–, e não só dos bancos que vão conceder o empréstimo e conseguir um cliente para outros produtos e serviços por um período que pode chegar a três décadas.
Para que essa intenção se torne efetivamente uma aquisição, Petrucci considera que é preciso oferecer o “produto adequado” ao mutuário, o que passa, necessariamente, pelo
preço do imóvel.
VALORIZAÇÃO
O economista destaca que, na cidade de São Paulo, os terrenos estão muito valorizados e há uma legislação que limita a construção em determinados bairros. Além disso, lembra que a produção em larga escala –possível devido ao aumento da demanda– permite as empresas melhorarem em itens como tecnologia e processos de construção, reduzindo os prazos de entrega e o preço final ao consumidor.
O levantamento do Data Popular aponta ainda que 16,7% dos brasileiros vivem em residências alugadas e 9,3% em imóveis cedidos –sendo, portanto, também um público potencial para a compra de uma casa ou apartamento. Na classe C, são 17,6% e 5,6%, respectivamente.
Outra constatação destacada por Meirelles é o tamanho do imóvel, mensurado por essa parte da população em quantidade de quartos, não em metros quadrados, atribuindo mais valor para apartamentos com mais dormitórios do que simplesmente maiores.
Famílias que desejam comprar imóvel ou terreno nos próximos 12 meses:
No primeiro trimestre de 2009
Classes AB – 1,6 milhão
Classe C – 1,5 milhão
Classes DE – 1,3 milhão
Total – 4,4 milhões
No primeiro trimestre de 2011
Classes AB – 1,7 milhão
Classe C – 4,7 milhões
Classes DE – 3,5 milhões
Total – 9,9 milhões
Classe AB – renda mensal familiar superior a dez salários mínimos
Classe C – renda entre três e dez salários mínimos
Classes ED – renda até três salários mínimos