Joinville, conhecida por ser uma cidade horizontal, repleta de casas, está vivenciando um aumento do número de pessoas que deixaram de morar no chão para subir alguns andares. Segundo os dados do último Censo, a cidade mais populosa do Estado tem hoje 125% mais apartamentos do que há dez anos.
Os números mostram que, em 2010, a cidade tinha 25.321 apartamentos, o que corresponde a 15,76% do total de residências. Em 2000, eles somavam 11.219 domicílios, ou 9,3% do total. As casas ainda são maioria, mas a Prefeitura registrou aumento de 62% no número de alvarás de construção de edifícios entre 2007 e 2010. No mesmo período, os pedidos de licenças para casas cresceu 54,9%.
Para o arquiteto Sérgio Guilherme Gollnick, a expansão na construção de edifícios demorou mais do que o habitual para ocorrer por aqui. Ele diz que o atraso pode ter sido influenciado por quatro fatores: extensão do perímetro urbano joinvilense, baixo valor da terra nas áreas marginais, pouca oferta de crédito imobiliário e também pelo fato de que boa parte das famílias construía sozinha suas casas, dispensando os serviços de técnicos.
— Tais condições e o perfil industrial da cidade condicionaram a ter nas residências a forma mais usual de construir —, explica. E acrescenta: — Por outro lado, o setor da construção civil sempre foi tímido e pouco empreendedor, edificando projetos seguros, onde uma parte das vendas eram casadas com investidores pré-selecionados —.
Gollnick lembra que, entre as décadas de 1970 e 1980, a cidade não “tinha mais do que 30 edifícios exclusivamente residenciais com mais de oito pavimentos”. Para ele, os prédios só começam a surgir com força como uma boa opção de moradia a partir do início dos anos 2000. O arquiteto aponta o crescimento da classe média nos últimos anos e o perfil econômico mais diversificado como motivos que ajudaram na expansão dos imóveis.
— Joinville não tem a mesma diversificação de mercado que ocorre em outros municípios catarinenses. Tanto é que o perfil de compradores mais expressivo de apartamentos está concentrado na faixa dos três a cinco salários mínimos e que são financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida. Empreendimentos de alto nível são raros na cidade. Quem tem muito dinheiro ainda prefere casas, e em condomínios fechados —, avalia.
A economia foi o fator decisivo para a assessora administrativa Tamires Gislaine de Oliveira. Em dezembro de 2009, ela e o noivo compraram na planta o apartamento onde vivem hoje, depois de procurar muito por terrenos localizados na região do bairro Floresta.
— O terreno que tínhamos gostado custava cerca de R$ 80 mil. O apartamento foi comprado por R$ 118 mil na planta —, lembra.
Fonte: A Notícia