No início de 2013, o jornal A Notícia nos convidou a escrever um artigo sobre as potencialidades econômicas da nossa região e os principais desafios a serem enfrentados.
Escrevemos, naquela ocasião (sob o aconselhamento de empresários experientes e vitoriosos que congregam a ACIJ) da nossa crença no crescimento e na evolução da economia e da infraestrutura da região norte, com a chegada de novas empresas e grandes montadoras e de um governo local a ser conduzido por um empresário experiente, com diversas passagens pela nossa casa.
Nossa crença obviamente não mudou: o potencial econômico e social do Norte Catarinense é fantástico e tende a se ampliar, principalmente se o poder público nos der um retorno em obras e infraestrutura que se aproxime minimamente da importância socioeconômica da região.
Os investimentos do Governo Federal no Estado caíram em 24% neste ano em relação ao ano passado, embora a Presidência da República tenha destinado 57% a mais de verbas federais que o Governo Lula. Santa Catarina, que oscila entre a sexta e a sétima colocação entre as potências econômicas do país, é apenas o 14º estado em investimentos federais.
Um dos maiores gargalos logísticos, sem dúvida, é o transporte. A mobilidade parece ser o mal do século para a economia local. As BRs 280 e 101 estão com o fluxo muito acima de sua capacidade e assim continuarão mesmo sendo duplicadas ou até mesmo triplicadas – mas, a ampliação das rodovias, bem como outras medidas alternativas, é necessária, embora insuficiente.
Os aeroportos catarinenses podem ser classificados como precários, para transporte de passageiros, e absolutamente insuficientes para a carga. Temos uma estrutura portuária ampla e moderna, mas que fica prejudicada sem a devida integração ferroviária e rodoviária. Santa Catarina já teve uma malha ferroviária maior, que hoje está praticamente obsoleta. A implementação das ferrovias Leste-Oeste e Litorânea, integradas com a malha nacional, é urgente.
Num mercado dominado pelas comodities, onde os custos de produção se assemelham muito e a carga tributária sufoca a todos, qualquer ponto percentual conquistado pode ser o grande diferencial competitivo. Estudos da Universidade Federal de Santa Catarina indicam que os Estados Unidos tem um custo médio de 8% com Logística. No nosso Estado, esse percentual chega a 19%. Não há eficiência operacional que compense tamanha perda no transporte.
Nossas impressões tem alguma propriedade, a medida que, neste ano, numa iniciativa da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, apoiada tecnicamente, pela ACIJ, fizemos cinco seminários sobre o tema, ao longo de toda a BR-101, desde Joinville até Criciúma, passando por Itajaí, Blumenau e Florianópolis, onde identificamos diversos gargalos e sugerimos algumas possíveis soluções, com a participação da sociedade organizada.
Por isso, nossa crença é num plano maior, mais amplo e complexo, que contemple o desenvolvimento de todos os modais e a fundamental integração entre eles. Claro, a duplicação da BR-280 é indispensável e certamente contribuirá sobremaneira com a nossa economia, com o turismo, com a qualidade de vida da população, traduzida essa qualidade em mais conforto e segurança para quem trafega na exaurida rodovia.
Mas, em pouco tempo, a BR-280 duplicada já será insuficiente para as necessidades da população, dos portos, dos turistas, dos transportadores, da sociedade em geral. Como já é insuficiente a Via Expressa no acesso à Florianópolis e como será a duplicação da BR-470, entre a 101 e Blumenau.
Temos um modelo de transporte de cargas baseado e calcado no modal rodoviário. Gostamos de automóveis, nossa cultura está atrelada ao carro, símbolo de status, sucesso, realização pessoal. Portanto, rodovias sempre serão insuficientes, embora indispensáveis.
Saudamos obviamente a duplicação da 280, até mesmo porque já está atrasada. Entendemos como compromisso dos governos suprir a Atividade Econômica da infraestrutura necessária tanto quanto oferecer serviços básicos de qualidade para toda a população.
A BR-280 duplicada é um dever do Estado (governo) e um fator de competitividade e melhoria de qualidade de vida. Que venha rápido e, ao mesmo tempo, seja feita com qualidade, segurança e eficiência, com ganhos ambientais e econômicos efetivos. Nossas empresas e nossas pessoas certamente fazem por merecer a duplicação e muito mais.
Mario Cezar de Aguiar
Presidente da ACIJ