Para a maior parte das empresas exportadoras catarinenses, o ano de 2014 deve terminar com alta de até 10% nos embarques. Esta elevação, no entanto, será limitada pelos baixos preços internacionais de sete dos dez principais itens da pauta de exportações do Estado. Estas conclusões integram a Análise do Comércio Internacional Catarinense 2014, lançada pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC) nesta segunda-feira (21), durante seminário realizado em Florianópolis.
Segundo o levantamento, que conta com a participação de 106 empresas ligadas ao comércio exterior no Estado, o crescimento nos embarques será de até 10% para 36,8% dos entrevistados, de 11% a 30% para 22,8%, de 31% a 50% para 7% e superior a 50% para 5,3% das entrevistadas. Para 24,6%, está prevista a estabilidade das vendas, enquanto 3,5% preveem redução.
Os preços começaram 2014 em baixa, após forte redução no ano passado. As maiores quedas foram registradas na carne suína, que recuou 19%, e no compressor de ar, que encerrou o ano passado com valor 17% menor.
“A publicação faz parte da nossa estratégia de internacionalização das indústrias, principalmente das médias empresas. Estamos fazendo um esforço grande nas companhias deste porte que têm boa produtividade, que estão investindo em inovação e tecnologia, para que se integrem ao comercio internacional”, disse o presidente da FIESC, Glauco José Côrte. Ele destacou iniciativas como o programa Start Export, que auxilia as empresas a exportar, além das missões empresariais – a FIESC realizou nove só primeiro semestre do ano. Além disso, a entidade mantém o portal Business & Investments, que fornece informações aos investidores sobre as oportunidades de negócios em Santa Catarina.
Côrte também falou do programa Portos.SC, que divulga no Brasil e no exterior os benefícios e as potencialidades dos portos do Estado, fomentando a movimentação de cargas e parcerias com os portos estrangeiros. “Temos feito um trabalho conjunto mostrando que mais do que a concorrência, temos que valorizar a estrutura portuária como fator importante de competitividade para as indústrias que estão no comércio internacional. Esse conjunto de ações está inserido no programa de melhoria e de aumento de internacionalização das empresas catarinenses”, salientou.
A FIESC também tem analisado as fragilidades e oportunidades existentes no comércio internacional, principalmente em um momento em que a economia mundial apresenta indicadores de crescimento ainda muito tênues. Neste sentido, a Federação trabalha na elaboração do Mapa Estratégico do Comércio Exterior Catarinense, que prevê o incentivo à venda de produtos de média e alta tecnologia, a diversificação dos mercados de destino e a diversificação da base de empresas com atuação internacional.
O Mapa deve fomentar a exportação de produtos que apresentam maior dinamismo e participação expressiva nas exportações mundiais, mas que ainda têm pouca representatividade nos embarques feitos em Santa Catarina. Entre estes produtos, foram apontados circuitos integrados, circuitos impressos, ferramentas pneumáticas, aparelhos para colheita, papel cartão, e barris e cubas de madeira.
A previsão é de aceleração do comércio internacional em 2015. Os motivos apontados são o começo do fim da recessão na Zona do Euro, a continuidade da retomada dos Estados Unidos e uma aceleração na atividade econômica na Índia e na Rússia. A China, por sua vez, deve estabilizar seu crescimento.
Infraestrutura e burocracia pesam: durante o encontro, a gerente-executiva de negócios internacionais da CNI, Soraya Rosar, disse que os principais entraves às exportações brasileiras são a infraestrutura para transportar as mercadorias e a burocracia para fazer os despachos aduaneiros. “Isso tem um peso para as exportações e tem piorado. As condições das rodovias são péssimas. As ferrovias são inexistentes. Os portos ainda têm sérios problemas, apesar das legislações aprovadas nos últimos anos para melhorar os investimentos, que levam anos para serem feitos”, disse.
Na opinião dela, a infraestrutura dos concorrentes é melhor, por isso, há produtos de outros países que chegam no Brasil a preços mais competitivos que os fabricados aqui. Apesar desses entraves, ela ressaltou que os exportadores não devem desanimar. “Quando se ultrapassa as barreiras, o exportador traz para a empresa e para o mercado brasileiro novas tecnologias e formas de gestão que engrandecem o país como um todo. Uma empresa que atua no mercado interno e externo, em momentos de crise interna, tem capacidade de balancear e não fica presa só a um mercado”, disse.
Fonte: Fiesc