Meu pai, um pequeno agricultor, em algumas ocasiões deixava a roça para a mulher e os filhos e procurava emprego, algo onde conseguir dinheiro para comprar coisas básicas para uma numerosa família de 11 filhos. Jamais o vi reclamar do seu patrão, como ele o chamava, pois o “patrão me ajuda a sustentar a família”. Jamais o conheceu, já que sempre haviam muitos intermediários entre ele e o chefe de verdade, mas o sentimento de gratidão e reconhecimento nunca faltou.
Claro que as coisas mudaram e hoje procura-se colocar empresários e empregados em lados opostos, fruto da manipulação de muitos por poucos, mas o sentimento de gratidão não poderia ter mudado. Antes de ser patrão, fui empregado por mais de quinze anos e sei bem as diferenças entre ambos.
Se você está agora aí, sentado confortavelmente lendo esse humilde artigo e tomando o café da manhã, é porque um empresário criou o jornal, um outro o distribuiu, um outro plantou café, um outro o processou, um outro o distribuiu, um outro o revendeu, um outro fabricou os óculos que você está usando para poder ler com mais conforto, um outro, a cadeira onde você está sentado, outros empresários fabricaram ou produziram tudo o que está sobre a mesa, sem contar o fabricante da geladeira, o que fabricou o queijo, o presunto, o empresário padeiro que faz o pão nosso de cada dia e assim vai.
Tudo o que nós tocamos, todo o conforto que temos, por menor que seja, todos os bens que adquirimos, tudo o que usufruímos, é porque houve alguém que decidiu produzir, decidiu ser diferente. Ser empresário é sinônimo de correr riscos, ter angústias, preocupações com os impostos, a folha de pagamento, os fornecedores etc.
Depois de tudo isso, ainda são chamados pejorativamente de elite. Enquanto isso, enquanto o empresário corria todos os riscos para que você tomasse com conforto seu café da manhã, onde estavam todos aqueles que acham que o empresário é uma classe que prejudica o País? Que se aproveita dos seus empregados? Que o empresário tem que pagar a conta via impostos? Essas pessoas nunca correram risco algum, sempre tiveram quem os sustentou, manteve e ainda sustenta e mantém.
Gostaria que essas pessoas colocassem em risco todo o seu patrimônio pessoal, contratassem empréstimos para empreender, contratassem empregados, pagassem todos os impostos, enfrentassem a concorrência, ficassem sem dormir noites, preocupados com o andamento dos negócios e as incertezas quanto ao futuro. Depois de tudo isso, se sobreviverem, o que eu duvido muito, aí terão direito de chamar a classe empresarial de elite.