Os setores industriais que usam mão de obra intensiva estão fortemente ameaçados com o fim da desoneração da Folha de Pagamentos prevista para 1º de julho deste ano. Os segmentos do vestuário, calçadista, têxtil e tecnologia estão entre os mais ameaçados. O fim da desoneração da folha impactará profunda e negativamente o desempenho das 40 mil empresas de 56 subsetores e as demissões serão inevitáveis.
Somente no setor de tecnologia, a expectativa é da extinção de 83 mil postos de trabalho nos próximos três anos. Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil lembra que o empreendedor no Brasil enfrenta grande insegurança jurídica e não possui liberdade para planejar seus negócios.
“Não será onerando a produção que se alcançará melhora na situação econômica do país. Os países em desenvolvimento estão criando políticas para estimular a produção industrial”, ressaltou.
Segundo o Dieese, com a desoneração da folha, houve 16% de aumento no emprego, 10% nas horas trabalhadas e de 2,3% nos salários, mais intenso nos setores de couro e calçados e de confecções.
Na indústria de transformação, o setor de máquinas e equipamentos é um dos que mais vai sofrer com a reoneração da folha. Para a Abimaq, a reoneração impõe o risco de reduzir as exportações em cerca de 20%. No mercado interno, poderá haver maior perda de market share face ao bem importado, que resultará numa perda adicional na receita do setor de R$ 6 bilhões (menos 22,8 mil pessoas ocupadas).
Num momento em que vivemos uma das nossas piores crises institucionais, com forte reflexo na economia, voltar a onerar a folha de pagamentos corresponde a colocar a última pá de cal, sobre importante parcela da indústria brasileira.