No site do Ministério dos Transportes, consta que a BR-280 é uma obra integrante do PAC e que estariam previstos para serem investidos na sua duplicação, no período entre 2011 e 2014, o valor de R$ 270 milhões. O restante virá depois. Obviamente, trata-se de uma leviandade passar essa informação num período eleitoral, quando sabemos que o trecho de 33 km entre o município de São Francisco do Sul e a BR-101 sequer foi licitado e nem sabemos quando o será, já que foi judicializado.
Por sua vez, o trecho entre a BR-101 e Guaramirim, após os necessários entendimentos com o Ibama e a Funai – ambos órgãos federais – se encontra em fase de desapropriação e início de obras. Quando se fala em desapropriação, prevê-se mais morosidade à vista. Já o trecho entre Guaramirim e Jaraguá do Sul ainda depende de audiências públicas acerca das desapropriações. Esse é o resumo do imbróglio que já deveria ter aplicado uma boa parcela deste investimento da ordem de R$ 270 milhões.
Na verdade, tudo se trata de uma questão de prioridades nas alocações dos recursos disponíveis. Os mesmos não faltaram para que fossem construídos estádios de futebol de continuidade discutível, como a Arena Pantanal, Arena da Amazônia e a própria Arena Brasília. Metade do que foi gasto na Arena Brasília seria suficiente para duplicar toda a BR-280 e, se bem administrada, ainda sobraria um troco para complementar o trecho Guamiranga adentro, se outra utilidade melhor não houvesse.
Claro que temos que questionar a força política que possuímos. Não vimos ninguém lutando para valer, tanto pela BR-280, quanto pela BR-101, cuja duplicação ainda não acabou e já está na hora de pensarmos em outra alternativa. Questionar a completa omissão do governo federal que, de adiamento em adiamento, chegou a este ponto insustentável. Neste momento em que presenciamos mais mortes, vergonhosas e estúpidas, por certo alguns aparecerão falando alto contra a não duplicação e outros dizendo que darão agilidade às obras. Não acredite nem em uns e nem em outros. Quem mais questionou e cobrou o atraso foram as associações empresariais dos municípios prejudicados. Estas, sim, trabalharam. Apenas elas.
Lá pelo ano 330 a.C., Sócrates já criticava o pouco envolvimento da população no processo político, dizendo que “o preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior”. Irrepreensível e que sirva de lição a todos nós neste período eleitoral.
Fonte: A Notícia