Desoneração total de investimentos, linhas de financiamento de longo prazo, incentivos às exportações e foco em inovação e desenvolvimento tecnológico são as propostas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), para frear o vertiginoso processo de desindustrialização pelo qual passa a indústria brasileira.
O presidente da Abimaq, Luiz Albert Neto, liderou ontem pela manhã o encontro empresarial “Brasil: potência ou colônia”, que contou ainda com ponderações do diretor da Abimaq em Santa Catarina, Jaime Grasso, do ex-presidente da ACIJ e coordenador do Movimento Brasil Eficiente, Carlos Schneider e do ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto.
Membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico da Presidência da República, Rigotto aposta que a crise pode ser melhor para o Brasil do que para a maioria dos países. Sua tese é de que as medidas no país, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa, não contemplam salvar o sistema financeiro.
“O que o Brasil precisa é cortar o gasto público e reduzir a taxa de juros. Para cada um ponto percentual a menos na taxa de juros, o país economiza R$ 15 bilhões no serviço da dívida”, afirma Rigotto.
Segundo ele, o Brasil tem um potencial imenso para os próximos anos, com o Pré-sal, a ampliação da infraestrutura e da área agricultável, crescimento da pecuária e ainda eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas. Somente com o Pré-sal a expectativa é da geração de dois milhões de empregos no Brasil, segundo o ex-governador. Ele estima ainda que o país deve crescer algo em torno de 3,5% esse ano.
QUINTA AVENIDA
O presidente da Abimaq Luiz Albert Neto começou sua apresentação contando sobre um recado duro que teria passado a presidente Dilma Roussef. Disse a ela que comprou produtos na 5ª avenida, em Nova Iorque, pela metade do preço dos produtos encontrados nos shoppings mais populares de São Paulo.
“Os brasileiros já trocaram o Paraguai pelos Estados Unidos. Mas a presidente disse que a ficha já caiu e mais mudanças estão por vir, no dia em que anunciou o programa Brasil Maior”, relatou Luiz Albert.
Ele destacou que o setor de máquinas fatura no Brasil cerca de R$ 80 bilhões ao ano (expectativa de R$ 77 bi para 2011), valor superior ao faturamento da indústria automobilística, e que o gera o dobro de empregos.
“Nosso faturamento tem aumentado, mas estamos parando de produzir. Importamos e colocamos aqui a nossa marca. Somos competitivos da porta para dentro da fábrica. Na hora em que emitimos a nota, deixamos de ser competitivos”, afirma o presidente da Abimaq.
O grande problema que o país enfrenta, de acordo com ele, além das altas taxas de juros e da excessiva desvalorização da moeda, é a “reprimarização” da economia, referência a vocação exportadora de produtos primários, as commodities, em contrapartida à importação de produtos acabados, com alto valor agregado.
Para Luiz Albert Neto, não existe país desenvolvido sem uma indústria de transformação desenvolvida. “Se o governo não adotar medidas urgentes, o setor poderá desaparecer no Brasil”, sentenciou.