(*) Adriana Bez Batti
Falar de saúde mental é falar de emoções e sentimentos. Não é só ausência de transtornos mentais. É sensação de bem-estar e harmonia. É habilidade em manejar adversidades e conflitos, reconhecer e respeitar limites e deficiências. É satisfação em viver, compartilhar e se relacionar com os outros.
Segundo a OMS, “saúde mental e bem-estar são fundamentais para nossa capacidade coletiva e individual”. Há pesquisas que evidenciam que sem adequada condução das emoções as pessoas tendem a sofrer prejuízos significativos em suas vidas.
Hoje, observa-se um aumento preocupante de sofrimento psíquico, físico e social. E quando este sofrimento se torna insuportável, o autodestrutivo contra si surge como alternativa para 12 mil pessoas no Brasil e 1 milhão no mundo a cada ano – o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29.
Cerca de 90% dos casos têm a depressão profunda como sua principal causa, mas há outras como desemprego, problemas no trabalho, doença grave, perdas, divórcio, ausência de um projeto de vida, abuso psicológico ou sexual e uso excessivo de álcool e outras drogas.
É normal que a tristeza também tenha lugar em nossas vidas. Ela só não pode virar uma doença. É necessário falarmos sobre isso, olho no olho, encarar este sintoma que revela a cruel realidade de dor e angústia em que tantas pessoas vivem. Só assim, quem passa por um sofrimento extremo sabe que não está sozinho, encontra acolhimento para sua dor e elabora estratégias para superar.
Fique atento a sinais de alerta como desabafos de que não aguenta mais, que se sente um fardo, além de falta de propósito, isolamento, perda de interesse em tudo, mudanças repentinas de humor, dormir pouco ou muito, ações imprudentes e doações de bens valiosos, por exemplo.
Para acolher e conversar com quem apresenta sinais como estes, escolha um lugar calmo onde a pessoa sinta-se confortável; foque na pessoa, faça contato visual; seja paciente; não julgue; não precisa dar conselhos, apenas acolha; não ofereça uma solução para todos os problemas, o importante é ouvir; não empurre suas próprias ideias sobre como o outro deve estar se sentindo.
Nem todos dão indícios de suas intenções, mas a maioria exibe sinais de alerta. Leve esses sinais a sério! Setembro é o mês de prevenção ao suicídio, mas a prevenção deve acontecer o ano inteiro para que possamos dar voz a quem grita por ajuda.
(*) Adriana Bez Batti é presidente do Núcleo de Psicólogos Empreendedores da ACIJ