O economista do Banco Safra, Carlos Kawall, foi o convidado da ACIJ para a reunião do Conselho da última segunda-feira. Trouxe uma visão mais positiva em relação ao próximo ano. Segundo ele, um certo otimismo se deve principalmente ao crescimento da economia global. Esse deve ser o melhor ano desde 2011 no mundo, em parte por causa da China, com crescimento superior a 6%, e sobretudo à zona do Euro, que deve voltar a crescer, em 2,1%, quase o mesmo que os Estados Unidos.
Segundo Kawall, vivemos num mundo de pouca inflação, um fenômeno que os economistas não conseguem entender muito bem, mas que sem dúvida alguma favorece a retomada do desenvolvimento econômico brasileiro. A “Selic” dos Estados Unidos está muito baixa, o que também é favorável ao Brasil. O economista destacou ainda o preço de nossas principais comodities, que está em elevação, combinado com uma supersafra no agrobusiness.
Embora a expectativa seja boa, o caminho a ser seguido ainda é muito difícil. “As crises anteriores não fizeram nem cócegas em comparação a essa. Antes, caíamos no buraco e já estávamos de volta em quatro ou cinco trimestres. Agora, vamos levar cerca de 20 trimestres pra sair do buraco”. Ou seja, voltaremos ao PIB de 2014 provavelmente em 2019.
Tecnicamente, este ano o Brasil saiu da recessão, já que apresentou crescimento em pelo menos dois trimestres consecutivos. Porém, 70% da nossa economia é baseada no consumo. Se o consumo não cresce, não há o que salve. Os índices de investimento não se recuperaram.
Ele alertou para a boa novidade da modernização trabalhista. “Há esperança de leis mais flexíveis. Nos bancos, 30% dos empregados que saem, ingressam na justiça. Nos EUA e Alemanha, se protege o emprego. Eles não querem demitir. Eles querem diminuir custo”, exemplificou.
Carlos Kawall foi categórico ao afirmar que o problema do Brasil não é no setor privado. O problema do Brasil é o setor público. Aceitamos continuamente aumentos de carga tributária e cerca de 95% da despesa do Governo é obrigatória. Os 5% que sobram seriam para custeio e investimentos. Por isso, não sobra nada para investir e a situação permanece dramática.
Como mensagem final, o economista destacou que a eleição de 2018 vai ser marcada por uma rejeição ao status quo vigente. O foco será na questão ética, abrindo espaço para novos partidos e novas lideranças.