A Celesc, distribuidora de energia para o Estado de Santa Catarina, solicitou na semana passada à Aneel o reajuste de 20,49%, a partir de 7 de agosto. O argumento não é apenas de que o custo da energia gerada pelas termoelétricas é superior aos demais, mas também pelo fato de ter ocorrido uma redução da tarifa há algum tempo. Ora, não existem reduções de custos temporárias e nem foi esse o objetivo do governo federal quando anunciou a redução. Era pra ser definitiva e o ganho eventualmente obtido pelas empresas foi repassado ao consumidor final sob a forma de redução dos preços dos produtos. Não há como acolher este aumento no custo da energia, já que não haverá como repassá-lo ao preço dos produtos, mormente numa época de pré-recessão como a que estamos vivendo. Há empresas em que o efeito deste aumento de custos no produto final chega a ser próximo de 5%, em média, 2%.
Fatalmente, com esse acréscimo as vendas cairão ainda mais e o risco de desemprego é muito grande. As empresas, sem alarde e de forma homeopática, já estão promovendo demissões e evitando de qualquer forma novas contratações. Isso agravará, por certo, esse quadro.
Diante desse quadro, o governo federal ainda procura alternativas para obtenção de um novo financiamento junto ao BNDES e grupo de bancos privados, para subsidiar em parte o fornecimento de energia, de modo que o pesado reajuste não seja imposto de uma única vez ao mercado.
Num momento em que a economia encontra-se bastante retraída, e a competitividade de nossas empresas exposta ao limite, diante de gargalos de infraestrutura, pesada carga tributária e legislação trabalhista defasada, entre outros, qualquer reajuste acima da inflação pode inviabilizar alguns setores, que por certo terão que rever suas atividades e possivelmente reduzir quadro de colaboradores.
No sentido de contribuir com a discussão e buscar alternativas para que nossas empresas sofram o menor impacto possível, a ACIJ deve receber o presidente da Celesc nos próximos dias, para entender a situação da concessionária e, principalmente, para reforçar os graves impactos que um aumento desproporcional podem causar em nossa economia.
A ACIJ é de opinião de que Governo do Estado, como acionista majoritário da CELESC S.A, deveria suspender termporariamente o aumento da energia, no percentual que excedesse ao da inflação do período, até que os efeitos deste ajuste seja devidamente mensurados na economia do estado como um todo, e não apenas nas contas financeiras da CELESC.