Gerenciamento de Mudanças é o tema da palestra de Max Gehringer dia 1 de outubro na Expoville, realizado pela ACIJ. Dentro do tema, a ACIJ traz uma entrevista exclusiva com assuntos relacionados ao evento.
ACIJ- Ainda faz sentido que profissionais e executivos reclamem da velocidade & intensidade das mudanças que afetam seu trabalho, no ambiente corporativo, ou já deveríamos estar habituados a elas como inevitáveis?
Max Gehringer – As mudanças ocorridas neste século são, principalmente, devidas à tecnologia. A Internet e os celulares tornaram as comunicações mais ágeis, e a obtenção de informações se tornou praticamente instantânea. Nada disso acontecia até o final da última década do século passado. Não por acaso, empresas globais, que nem existiam há uma geração, hoje estão entre as maiores e mais influentes do mundo. Essa súbita transformação fez com que o ambiente de trabalho se tornasse mais dinâmico. Existe uma busca alucinada por resultados imediatos, e novos modelos de comportamento passaram a ser exigidos. Não creio que um jovem de 18 anos consiga avaliar essas mudanças, porque ele não tem uma base de comparação anterior. Quem reclama vem de gerações anteriores. E, sim, as mudanças não apenas são inevitáveis, como tendem a se acelerar muito mais.
ACIJ – As novas gerações, da Y em diante, chegam ao mercado automaticamente aptas a lidar com esse contexto de mudanças, ou também precisam de orientação nesse sentido?
Gehringer – Uma mudança que é bem o reflexo da geração Y é o tempo de permanência em um emprego. O antigo paradigma de um só emprego por toda a vida foi substituído por outro, o de vários empregos de curta duração. De certa forma, os profissionais passaram a agir como jogadores de futebol, que beijam o distintivo da camisa que vestem, mas dali a poucos meses já estarão vestindo outra. Os jovens profissionais querem que tudo aconteça mais rapidamente em suas carreiras, incluindo promoções. Só que a maioria das empresas não estava preparada para lidar com esse tipo de profissional mais nômade, e muitas ainda não estão. Não há como convencer os jovens de que a estabilidade é melhor. As empresas é que precisam se amoldar a essa nova realidade, oferecendo condições para que seus talentos não saiam por qualquer proposta.
ACIJ -Em um cenário de crise, o que sobra para quem não consegue mudar? E qual a primeira mudança necessária, nesse contexto?
Gehringer – Profissionais, sejam empregados ou empresários, precisam se atualizar continuamente. Concluir uma faculdade e depois fazer cursos de aperfeiçoamento de curta duração. Também é necessário construir um bom círculo de relacionamentos e aprender idiomas. Principalmente o inglês, que é a língua da tecnologia. Nós, brasileiros, temos uma secular tendência a achar que nossos problemas serão resolvidos pelos outros, e especialmente pelo governo. Chegamos a um ponto da curva em que cada um precisa investir em si mesmo, com crise ou sem. A atual crise econômica é passageira, como foram tantas outras antes dela. Já a carreira profissional é uma situação de mais longo prazo, e não pode ser delegada a ninguém. Quem fica para trás demora para alcançar quem sai na frente.
ACIJ – Qual ou quais são as principais questões e dilemas que você tem ouvido, em palestras para empresários?
Gehringer – Os que têm menos de 25 anos me perguntam como progredir rapidamente. Os que têm mais de 45 anos querem saber como consegui mudar radicalmente de carreira. Os jovens empregados reclamam que as empresas são lentas, enquanto os gestores e empresários reclamam que os jovens querem oportunidades sem ter demonstrado ainda que as mereceram. E todos reclamam da incompetência do governo.
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