Quando as nossas empresas enfrentam dificuldades para fazer o resultado elas tomam algumas medidas emergenciais a fim de gerar caixa ou lucro no fim do exercício, porque não há outra maneira de perpetuar um negócio e garantir empregos e desenvolvimento sem o lucro, sem o azul na última linha.
Para tanto, empresas reduzem gastos, postergam alguns investimentos, remanejam pessoal, procuram fornecedores mais competitivos e assim por diante. Eventualmente, aumentam os preços, mas sabem que não há muita margem para isso.
A lógica do Governo é bastante distinta. “Se estamos no vermelho, vamos passar a conta para a população”. Foi o que aconteceu na última semana, com o anúncio do fim da desoneração da folha de pagamento de alguns setores, feito pelo ministro Henrique Meirelles.
A desoneração permite, desde 2011, que algumas empresas deixem de recolher a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a Folha de Pagamento e recolham entre 1 e 4% sobre o faturamento. Com o fim da desoneração, os custos sobem, o lucro some e os preços para o consumidor final ficam mais altos.
Há o risco, iminente, de desemprego, de diminuição de vagas em vários setores, justamente naqueles que tem mão de obra intensiva. Um retrocesso e um ataque a lógica de desenvolvimento que o presidente da República vinha divulgando eu seus discursos.
Sem incentivos as empresas, que somam perdas gigantes nos últimos dois anos, tendem a ter ainda mais dificuldades para se reerguerem. No setor de máquinas e equipamentos, por exemplo, o faturamento caiu mais de 50% em 2015 e 2016.
A elevação da carga tributária, num momento de retomada, é um erro que pode custar muito caro. E a conta, como sempre, é dividida entre todos os brasileiros.