Os empresários, brasileiros e estrangeiros, vão depositar um voto de confiança no governo se a equipe do segundo mandato de Dilma Rousseff sinalizar positivamente, já em 2015, para a contenção de gastos públicos, aumento nos investimentos e início de reformas estruturais importantes, como a política.
A análise é de Marcelo Hack, presidente do Perini Business Park, condomínio multissetorial que reúne mais de 140 empresas e mais de 7,5 mil trabalhadores.
Para Hack, as investigações na Petrobras vão respingar em outras estatais, mas ele acredita em um cenário de aumento na credibilidade de instituições públicas por parte do mercado se o País, de fato, começar a combater a corrupção.
O executivo ainda fala dos desafios do cenário econômico e de medidas que, para ele, ajudariam a colocar o Brasil novamente na rota do crescimento.
Medidas prioritárias
— Na minha opinião, o Brasil tem três grandes tarefas: a contenção do gasto público, o aumento nos investimentos e o início das reformas (fiscal, trabalhista e política). Se o governo, já no primeiro ano, se mostrar disponível para isto, não tenho dúvidas de que os empresários brasileiros e estrangeiros darão seu voto de confiança.
Crise na Petrobras
— Acredito que as investigações na Petrobras vão se alastrar para outras empresas estatais, e os desdobramentos judiciais em relação a estes casos terão uma repercussão muito forte dentro das empresas envolvidas (as quais representam uma parcela importante da nossa economia). Mas à medida que o mercado perceber que o Brasil começa a combater de fato a corrupção, haverá um aumento na credibilidade das instituições públicas e, por consequência, no País.
Iniciativa privada
— É importante destacar que o Brasil, historicamente, cresce muito pouco em decorrência da ação pública do Estado, já que investe um percentual muito baixo do PIB. O motor da economia, e dos investimentos, continua sendo a iniciativa privada. Apesar das dificuldades econômicas atuais, o Brasil tem um grande mercado, e o cenário econômico deve melhorar no segundo semestre de 2015 e se tornar mais promissor em 2016.
Rumo
— Temos um grande desafio pela frente. O Brasil está no limite do rebaixamento do grau de investimento nas três principais agências de risco. É prioritário recolocar a economia no rumo. Se a equipe econômica tiver independência e puder fazer os ajustes necessários, pode reverter esta situação no médio e longo prazo.
Ajustes
— É preciso reduzir a inflação e os gastos públicos, e isso não será fácil. Temos que ajustar as tarifas públicas. A Selic vai subir e aumentar o custo do crédito, reduzindo o apetite de consumo.
Caixa das empresas
— De um modo geral, 2015 vai ser um ano para cuidar do caixa das empresas. Quando terminamos um ano ruim, de baixo crescimento, como 2014, no primeiro semestre seguinte a economia anda pela inércia.
Crescimento em 2015
— A perspectiva de crescimento econômico para 2015 não é muito otimista. Se em 2014 começamos com uma previsão inicial de crescer 4%, não podemos esperar muito de um ano em que a previsão começa em 0,8%.
Cenário econômico
— A chave do sucesso da nova equipe econômica está na independência em relação ao governo Dilma. Levy (Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda) é conhecido como uma pessoa de personalidade forte, e a presidente provavelmente não terá ascendência sobre ele.
Situação no Perini
— No nosso negócio, em geral, os investimentos são sempre estratégicos e de médio e longo prazo. E o que isso significa para o Perini Business Park? As empresas que têm expectativas para 2016 em diante começam a fazer os investimentos em 2015, pois precisam se instalar, contratar, treinar e começar a produzir, cumprindo um ciclo que leva aproximadamente um ano. O Perini Business Park está no início desta cadeia de negócios e isto significa que 2015 será um ano de investimentos no nosso segmento. Somente no quarto trimestre de 2014, fechamos mais de 30 mil m² em novos clientes.