A dedicação do presidente da República quase que exclusiva em conquistar aliados para evitar seu julgamento pelo Supremo Tribunal Federal é talvez a única explicação para a sequência de erros que o Governo vem cometendo na área econômica, justamente num setor onde estava se saindo relativamente bem.
O anúncio, na semana passada, do aumento do Pis e Cofins dos Combustíveis, que resultou num reajuste entre e 15 e 20% no valor da gasolina, é terrível sob todos os aspectos. O Brasil, definitivamente, não aguenta mais aumento de impostos.
No campo econômico, provoca o aumento em cascata de todos os produtos que são transportados sobre rodas no país, desestrutura a economia e leva o índice de popularidade do presidente ao chão, ampliando a sensação de instabilidade que permeia o país, de ponta a ponta. Escolha errada, na hora errada.
Outras medidas pouco consistentes, como o Programa de Demissão Voluntária para servidores federais e um segundo Refis para as dívidas com o Tesouro, poderiam ser extremamente benéficas para o país, mas não passam de balão de ensaio, diante dos resultados que irão produzir.
Ao mesmo tempo, enquanto deputados e senadores negociam seus votos em troca de cargos e liberação de recursos para suas emendas, permanecem sem decisão a Medida Provisória que reonera a Folha de Pagamentos, um desastre para as empresas de mão de obra intensiva e para os exportadores, e as reformas fundamentais, como a Previdenciária, a Política e a Tributária.
Mas nem tudo está perdido: a aprovação da Reforma Trabalhista é uma boa notícia. Flexibiliza as relações de trabalho, sem tirar direitos dos trabalhadores. Moderniza o sistema e cria a expectativa de geração de empregos, no médio prazo, a contar de sua vigência. Se as demais reformas andassem na mesma velocidade, a chance de construirmos um novo Brasil, melhor e mais justos, seria muito maior.