A política de estímulos à economia dos Estados Unidos para recuperar terreno frente ao avanço da China, que cresceu quase 200 vezes nos últimos 70 anos, deve impulsionar países ocidentais.
Neste cenário favorável, a crise hídrica, as incertezas da pandemia, o desemprego e o ambiente político representam os maiores riscos à recuperação brasileira, que responde por apenas 2% do PIB mundial.
Estas são as principais oportunidades e ameaças para o Brasil na avaliação do economista Pablo Bittencourt, assessor da FIESC e professor da UFSC. Ele apresentou a palestra ”Panorama econômico: análises e perspectivas”, durante a Reunião do Conselho da ACIJ nesta segunda-feira, dia 5 de julho.
Confira a seguir algumas conclusões sobre oportunidades e ameaças para o Brasil e perspectivas para Santa Catarina.
OPORTUNIDADES
“As reuniões do governo Biden com o G7 e com a OTAN deram clara informação ao mundo de que os EUA estão preocupados com o avanço chinês e dispostos a contra-atacar para recuperar espaço”.
“Como parte desta estratégia, o governo Biden pretende dobrar o salário mínimo em 4 anos, o que aumentará muito os custos industriais. O movimento tende a expulsar empresas que não consigam manter elevada produtividade nos EUA, o que abre espaço para investimentos estrangeiros diretos especialmente em países em desenvolvimento”.
“A mudança na estratégia política e econômica dos EUA, para retomar a liderança produtiva e tecnológica internacional, deverá favorecer economias de países ocidentais”.
“A médio e longo prazos, este movimento dos EUA é favorável a Santa Catarina, pois deve elevar as exportações pela preferência a fornecedores ocidentais”.
AMEAÇAS
“A crise hídrica é um desafio não necessariamente pela falta de energia elétrica, mas pela alta do custo, o que acaba gerando mais inflação”.
“O desafio da pandemia parece ser o menos desfavorável para o Brasil neste momento, em função do avanço da vacinação”.
“A dinâmica da ocupação envolve não apenas a volta da atividade em serviços às famílias. Mas também deve-se ter em conta que muitas empresas quebraram, que muitos dos empregos de antes não existem mais. Isso não se resolve do dia para a noite, é um processo longo e gradual”.“No ambiente político quanto maiores forem os impactos da CPI, maior será a pressão por concessões aos partidos e a pressão sobre os juros, o que poderia limitar a retomada econômica”.
PERSPECTIVAS PARA SANTA CATARINA
“A diversificação produtiva catarinense continuará a ser um colchão de sustentação do crescimento do Estado”.
“A economia da região de Joinville ainda será bastante beneficiada pela expansão de atividades industriais mais ligadas ao mercado interno”.
“As perspectivas continuam a ser bastante positivas para o PIB do Estado, com projeção de crescimento de 4,5%, o que não significa que estamos em uma trajetória de crescimento sustentado de 4,5%”.