Moderadora do painel “Mapa da Empregabilidade em Joinville”, a colunista de economia Estela Benetti fez uma análise no portal NSC Total sobre a união de ACIJ, FIESC e Prefeitura contra o “apagão” de mão de obras em Joinville.
Confira abaixo as informações e a análise da jornalista.
Apesar de a pandemia impor dificuldades para parte da economia, o município de Joinville registra pleno emprego, com taxa de desocupação de apenas 3,16%, o que significa que tem 14.091 pessoas em busca de colocação no mercado de trabalho. Mas na outra ponta, com forte polo industrial, a cidade do Norte de Santa Catarina tem 15.022 postos de trabalho a serem preenchidos. Para conectar esses dois grupos, ou seja, fazer com que uma dessas filas reduza a outra pelo menos parcialmente, a Associação Empresarial de Joinville (Acij), a prefeitura local e a Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) lançaram o programa de qualificação Joinville Emprega+.
As três instituições vão oferecer cursos de curta duração em escolas municipais, com base nas demandas da cidade, para que pessoas desempregadas, desalentadas e também as que estão na formalidade aprimorem sua formação e se habilitem para as vagas abertas.
Esse programa foi elaborado em caráter emergencial, com liderança da Acij, após a entidade concluir a pesquisa sobre mercado de trabalho junto a 69 empresas locais, que apontaram ter mais de 15 mil vagas a serem preenchidas. O foco será para moradores da cidade, para não agravar ainda mais o problema de falta de moradia local. Os investidores são a prefeitura, que já disponibilizou R$ 500 mil, a Fiesc por meio do Senai, e a Acij.
O lançamento do Joinville Emprega+ foi realizado pelo presidente da Acij, Marco Antonio Corsini, na noite desta segunda-feira, durante o painel Mapa da Empregabilidade de Joinville, que abordou também oferta de formação profissional no município. O novo programa visa incluir também os desalentados, que segundo o IBGE somam 9.778 e os informais, que somam quase 70 mil. Além de Corsini, o evento teve como painelistas o prefeito Adriano Silva (Novo), o presidente da Federação das Indústrias (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar e o presidente do Conselho das Entidades Patronais Conveniadas (Consep), Emerson Zappone.
– Vamos atuar fortemente na qualificação de desempregados, motivar e oferecer empregos. Um exemplo de que a cidade está com elevado número de vagas abertas foi a informação divulgada em rádio por uma empresa de recrutamento nesta segunda-feira. Ela estava oferecendo mil novos postos de trabalho, dos quais 800 eram para indústrias – afirmou Corsini.
A pesquisa feita pela Acij apurou também que há, no município, maior formação de profissionais em cursos de graduação, do que nas áreas técnicas, enquanto a maioria das vagas nas empreas – cerca de 75% – são para profissionais técnicos ou operacionais. Foi isso que destacou Zappone, que analisou e apresentou a pesquisa.
– Existe a percepção muito clara de falta de mão de obra afetando os negócios em Joinville e quando a gente olha a perspectiva de investimentos, há o temor de que esse possa ser um problema ainda maior. Quando se observa os candidatos, se percebe que falta qualificação. Há uma rotatividade muito grande de trabalhadores nas empresas. Isso gera a sensação de um apagão de mão de obra – alertou o presidente do Consep.
Segundo ele, hoje, Joinville registra a mesma média nacional de formação técnica no segundo grau, de 11%. Enquanto na Suíça é de 64%, Áustria 68% e Finlândia 72%. Por isso, um dos objetivos é aumentar a formação de profissionais técnicos, o que é possível fazer no médio e longo prazo.
A prefeitura oferece cursos para formação técnica e, também, está adaptando o ensino para ampliar a formação profissional, já encaminhando estudantes para atividades em setores de tecnologia, por exemplo.
– Nas nossas escolas já oferecemos atividades em robótica e estamos universalizando isso com atividade em contraturno. Em outro trabalho, conseguimos encontrar um instituto estrangeiro para oferecer formação profissional para programadores, que é uma necessidade do município. Vamos oferecer uma formação básica em programação para jovens partir de 14 anos, para que depois possam ser jovens aprendizes de empresas do setor e se qualificar mais. Estamos estudando um projeto para 2 mil a 3 mil jovens serem atendidos nesse programa – informou o prefeito.
O presidente da Fiesc disse que a entidade, por meio do Senai, está conseguindo atender as demandas de formação técnica da indústria. Chamou atenção também para o fato de mais de 90% dos egressos de cursos do Senai conseguirem colocação no mercado de trabalho. Segundo ele, o Sesi está adaptando o seu currículo com ênfase nas ciências exatas, em especial engenharias.