A elevação média de 22,6% nas tarifas de energia elétrica para os consumidores catarinenses, definida nesta terça-feira (5) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), agravará a situação do setor industrial do Estado, avalia a Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). “É estranho que o índice tenha superado em dois pontos percentuais o que foi pedido pela Celesc. O resultado será maior pressão por elevação de preços em toda a economia, com alta da inflação e, ao mesmo tempo, piora da situação da indústria, que tem dificuldade em repassar esse aumento de custos para os seus preços”, diz o presidente da FIESC, Glauco José Côrte. Ele lembra que indicadores que iniciaram o ano positivos, como os do emprego, de vendas e da produção industrial, já sinalizam tendência de reversão.
Na sexta-feira à tarde a entidade receberá o presidente da Celesc, Cleverson Siewert, para avaliar tecnicamente os índices aplicados. Conforme Côrte, levantamentos da FIESC mostram que a distribuidora catarinense foi prejudicada pela ANEEL na definição do mix de energia que é obrigada a comprar. “A distribuição feita pela ANEEL de quotas de energia com preços mais favoráveis (das concessões de geração hídrica com concessão antecipada) não seguiu a participação de mercado das distribuidoras. Isso prejudicou a Celesc e seus consumidores”, afirmou.
É que a empresa foi obrigada a comprar mais energia no mercado livre, onde os valores estão elevados devido ao crescimento da geração térmica, decorrente dos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. “Se a distribuição de quotas da energia mais barata pela agência tivesse seguido a participação de mercado das distribuidoras, como é feito com Itaipu, por exemplo, a Celesc teria economizado mais de R$ 500 milhões, o que corresponde a uma redução de 14% nos custos da energia que ela compra”, completa Côrte.
Em posicionamentos encaminhados à ANEEL no final de 2013 a FIESC já manifestara preocupação com essa situação. Em resposta à entidade, a agência argumentou que é facultada a ela a distribuição dessas quotas. Até novembro de 2015 haverá revisão dessa distribuição, já que ela é feita a cada três anos.
Côrte lembra que encargos setoriais e impostos correspondem a quase metade (48,6%) dos valores praticados nas tarifas de energia e que isso também precisa ser revisto. “Do jeito que está, o governo é beneficiado pelos reajustes, pois arrecada cada vez mais”, destacou.
Além disso, levantamento da Fijran mostra que, antes do atual aumento, a indústria catarinense pagava 7% acima da média nacional. Em um grupo de 27 países com os quais a indústria local compete, apenas três possuíam tarifa acima da paga pelo setor secundário de Santa Catarina.
Fonte: Fiesc